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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PARA REFLETIR !!!

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Na crise dos seis anos, a criança
 manifesta sua angústia por meio de
 rebeldia, dependência e medo.

            Muitos pais de crianças entre cinco e sete anos, estão estranhando suas atitudes: “minha filha está irreconhecível, fala palavrão e me desobedece”, escreveu uma mãe; “meu filho está com comportamento adolescente, se rebela contra mim o tempo todo”, testemunhou outra.
            É verdade; nessa fase da vida ocorrem mudanças. Algumas vezes reaparecem situações que, aparentemente, já haviam sido suspensas: o medo, por exemplo.
            A criança pequena expressa medo com frequência: do escuro, de bruxa, de ficar sem a mãe, de uma determinada música ou de um animal. Aos poucos, com o apoio firm dos pais, deixa de mostrar esse estado afetivo com tanta facilidade. Talvez não deixe de sentir medo, mas o enfrenta com recursos construídos ao longo do tempo.
            Mas, perto dos cinco, seis anos, o medo pode voltar a aparecer. A criança tem pesadelos e, no meio da noite, se desespera, procurando a cama dos pais ou a companhia de um deles em seu quarto. E os pais que tem filhos nessa fase sabem muito bem o que significa procurar: se parece mais com exigir. Ah! E como os filhos sabem fazer isso bem, não é verdade?
            Outro fato comum na vida da criança nessa idade é a necessidade da ajuda dos pais (da mãe, principalmente) para fazer coisas que, antes, fazia muito bem sozinha
            A mãe de uma garotinha de seis anos contou que, agora, toda noite, a filha choraminga para colocar o pijama, diz que não consegue trocar a roupa sozinha. Alguém duvida que a garota consegue fazer a mãe colocar o pijama nela?
            Por que isso acontece? Entender o contexto desse momento do desenvolvimento infantil talvez melhore o relacionamento entre pais e filhos. Por isso, vamos pensar um pouco nessas crianças.
            O primeiro fato importante a ser lembrado é que nessa idade sinaliza uma passagem: a da primeira infância para a segunda – e derradeira – por parte dela. Isso a criança intui com precisão.
            Caro leitor, você acha que é fácil despedir-se dos primeiros seis anos de vida?
            Não, não é nem um pouco fácil perder a segurança, mesmo que ilusória, transmitida pela presença constante dos pais. E  a criança sabe que, a partir de então, terá de começar a caminhar na vida com suas próprias pernas.
            É isso que significa crescer, fato que irá dominar a vida da criança  a partir dos sete anos, mais ou menos.
            A criança vive, então, uma crise por volta dos seis anos. E o modo que ela tem de expressar o que sente, mesmo sem entender muito bem é mudando seu comportamento. Muitas ficam bravas com seus pais, como bem contaram nossas leitoras citadas. O problema é entender essa braveza como manifestação de agressividade, como muitos pais fazem.
            A criança fica brava com os pais porque sente que está para perde-los, esse é o ponto principal. E  reagir ao comportamento do filho de modo igualmente bravo – colocar de castigo, punir, reclamar – tem sido bem comum.
            Se os pais entenderem que a rebeldia, a desobediência, a dependência e o medo que a criança manifesta nada mais são do que sinais da angústia da separação que está por vir, poderão aquietar o filho com mais paciência, mais carinho, mais firmeza e tranqüilidade.
            E isso é tudo o que a criança precisa para saber que seus pais aceitam seu crescimento. E que irá contar com eles – em todos os sentidos – na continuidade de sua trajetória de vida.

                          Por: ROSELY SAYÃO (psicóloga e autora de “Como educar meu filho?”)
                                   (retirado do jornal Folha de São Paulo de 26/07/2011)

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